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Tartaruga Pininga



   A Tartaruga Pininga ou Jurará (Trachemys adiutrix), também conhecida como Tigre d'água do nordeste, é uma tartaruga de porte pequeno, semi-aquática endêmica dos Lençóis Maranhenses, Brasil. Sua ocorrência se restringe às áreas de vegetação de restinga, áreas de campos abertos e as regiões das dunas vegetadas, que possuem águas permanentes no litoral Maranhense e do Piauí. As regiões dos Lençóis Maranhenses, Pequenos Lençóis Maranhenses e ilhas do Delta do Parnaíba, apresentam áreas desérticas com predomínio de formações arenosas, pouca cobertura vegetal e inúmeras lagoas sazonais de água doce entre as dunas. Existem registros de ocorrência para esta espécie em 26 localidades, a extensão de ocorrência da espécie é de cerca de 20.000 km2, apresentando uma densidade de 0,010 indivíduos/ha.


    Essa espécie de tartaruga, quando jovem, apresenta carapaça de coloração marrom com pouco contraste, os escudos pleurais apresentam grandes ocelos, isto é, pontos vermelho–alaranjados cercados por anéis pretos, marrom e laranja. Os escudos vertebrais apresentam riscas paralelas, laranja, marrom e pretas. Os escudos marginais dorsais apresentam marcas avermelhadas, tanto no escudo anterior quanto no posterior. Nos animais adultos, o padrão de cor muda gradualmente para um padrão dorsal de pintas pretas e marrons, ventralmente as margens se mostram irregulares com ocelos pretos e marrons sobre uma mancha laranja pálida. Sua carapaça possuí um formato mais ovalado ou elíptico se comparada ao Tigre d'água brasileiro (Trachemys dorbigni). O plastrão tem um padrão verde-oliva, faixas da borda escuras, sobre um fundo amarelado com marcas transversais. Nas Tigres d'água, o plastrão apresenta fundo amarelo, padrão preto e marcas longitudinais. O parte de cima da cabeça é preta, indo para um tom cinza escuro na parte de trás da cabeça. Em cada região temporal existe uma faixa sinuosa irregular pós-orbital, amarelo-alaranjada. Não possuem vermiculações, comuns nas Tigres d'água e na T. adiutrix as listras são mais largas, com um padrão menos delicado. O padrão de pele dos membros é parecido com à do pescoço. Os membros posteriores apresentam dorsalmente uma faixa amarela obliqua até o joelho. A cauda, completamente escamosa, apresenta um padrão de faixas longitudinais pretas e amarelas.


    O ambiente de lagoas das dunas apresenta períodos chuvosos e secos bem definidos, onde as tartarugas são mais ativas e se deslocam mais nos períodos chuvosos do que nos períodos secos. Os períodos secos ou de estiagem começam geralmente em julho e se estendem até fevereiro. Durante a seca, as Tartarugas Pininga se escondem abaixo de moitas arbustivas ou se enterram na areia. Elas reservam energia reduzindo suas atividades durante as épocas de seca extrema, chegando a perder cerca de 8,4% de massa durante este período. As populações de T. adiutrix que ocorrem em lagos permanentes, não experimentam sazonalidade de habitat e restrição alimentar. Estas populações não estivam durante as estações secas e possuem uma taxa de crescimento maior do que as populações que estivam. A espécie apresenta uma área média de ocupação ou área total que um animal percorre durante a realização de suas atividade para esta espécie é de 4,56 ha.


    As fêmeas são maiores que os machos, sendo o tamanho máximo encontrado para as fêmeas foi de 25,1 centímetros de comprimento linear de carapaça e 22,0 centímetros de comprimento linear de carapaça para machos. As fêmeas iniciam idade reprodutiva entre 10,1 e 12,8 centímetros de comprimento linear de carapaça e machos com 9,9 centímetros de comprimento linear de carapaça. As fêmeas realizam desova de maneira isolada, com apenas um período reprodutivo por ano, que varia entre os meses de junho a setembro. O número de ovos por postura varia entre 2 e 14 ovos, as tartaruguinhas costumam nascer entre janeiro e fevereiro, medindo em média cerca de 3,5 ± 0,2 centímetros, isto é, variando de 2,79 a 3,78 centímetros.

     Essa espécie foi descrita na localidade de Santo Amaro, nas bordas do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, por P.E. Vanzolini em 1995. Desde então, tem se acompanhado a decadência populacional da espécie devido principalmente a realização de queimadas nas pastagens secas no fim do período de seca, visando a renovação da pastagem para o consumo bovino. Cerca de 5% dos indivíduos de uma população estudada na região dos Pequenos Lençóis Maranhenses apresentaram cicatrizes de queimaduras. Essa espécie é também muito utilizada para a alimentação humana e como animal de estimação pelos moradores rurais e urbanos. O casco torrado e moído é utilizado na medicina popular como cicatrizante. Para proteger essa espécie foram criadas áreas de preservação como: a Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba (MA/PI/CE), Reserva Extrativista Marinha do Delta do Parque Nacionalíba (MA/PI), Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (MA), Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense (MA), Área de Proteção Ambiental Upaon-Açu/ Miritiba/ Alto do Rio Preguiças (MA), Área de Proteção Ambiental da Foz do Rio Preguiças / Pequeno Lençois (MA), Área de Proteção Ambiental Upaon-Açu/ Miritiba/ Alto do Rio Preguiças (MA) e Área de Proteção Ambiental das Reentrâncias Maranhenses (MA).

Dados do Quelônio:
Nome: Tartaruga Pininga, Tigre d'água do nordeste, Juraraca, Jurará, Capininga, Cágado, Carvalho´s slider, Brazilian Slider.
Nome Científico: Trachemys adiutrix
Local de origem: Brasil
Peso: Cerca de 2 quilogramas
Tamanho: 25 centímetros de comprimento
Alimentação: Onívora

Classificação científica:
Reino:Animalia
Filo:Chordata
Subfilo:Vertebrata
Classe:Reptilia
Ordem:Testudines
Família: Emydidae
Gênero: Trachemys
Espécie: Trachemys adiutrix Vanzolini, 1995

Fotos:
- Richard Carl Vogt, 2006 (1ª foto).
- Isabel Ely, 2006 (fotos lagoa seca).
- Alexandre Batistella, 2005 (fotos lagoa com plantas).

Referências:
- Barreto, L.; Lima, L.C. & Barbosa, S. 2009. Observations on the ecology of Trachemys adiutrix and Kinosternon scorpioides on Curupu Island, Brazil. Herpetological Review, 40: 283-286.
- Batistella, A.M. 2008. Biologia de Trachemys adiutrix (VANZOLINI, 1995) (Testudines, Emydidae) no litoral do nordeste - Brasil. Tese. (Doutorado em Biologia de Água Doce e Pesca Interior). Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia-INPA. 82p.
- Batistella, A.M.; Potter, C. & Vogt, R.C. 2008. Geographic distribution. Trachemys adiutrix. Herpetological Review, 39: 108.
- Ely, I.; Verrastro, L.; Carl Vogt, R.,"Área de vida, movimento e habitat utilizado por Trachemys adiutrix vanzolini, 1995 (testudines – emydidae) na região dos pequenos lençóis maranhenses, Brasil", Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008.
- Ernst, C.H.; Batistella, A.M. & Vogt, R.C. 2010. Trachemys adiutrix. Catalogue of American Amphibians and Reptiles, 869: 1-4.
- Tortoise & Freshwater Turtle Specialist Group 1996. Trachemys adiutrix. The IUCN Red List of Threatened Species 1996.
- Vanzolini, P.E. 1995. A new species of turtle, genus Trachemys, from the state of Maranhão, Brazil (Testudines, Emydidae). Revista Brasileira de Biologia, 55: 111-125.


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