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Tartaruga Panqueca A Tartaruga Panqueca (Malacochersus tornieri) cujo nome tem origem no formato bem achatado ou quase plano de sua carapaça, é nativa do Quênia, Tanzânia e Zâmbia no leste do continente Africano, habitando encostas rochosas elevadas de ambientes áridos e cerrados compostos de arbustos espinhosos. Essa espécie é o único membro do gênero Malacochersus existente atualmente. A carapaça dessa espécie se caracteriza por ser bem plana, fina e flexível, medindo cerca de 18 centímetros de comprimento curvilíneo. Geralmente os ossos das carapaças de outras tartarugas terrestres são bem rígidos e sólidos, entretanto essa espécie possuí ossos ocos, tornando-a mais leve e flexível. Suas carapaças possuem coloração marrom com desenhos radiados nas placas, que auxiliam na camuflagem em ambientes rochosos e desérticos. Seus plastrões possuem coloração amarelo claro e a cabeça, pernas e cauda possuem coloração amarelo escuro tendendo para o marrom. Os machos possuem as caudas maiores e mais grossas que as fêmeas. As Tartarugas panquecas vivem em pequenos grupos e costumam dividir os locais de alimentação, repouso e de postura de ovos. Os machos lutam pelo direito de acasalamento com as fêmeas, período este que ocorre entre janeiro e fevereiro, onde os maiores e mais fortes machos conseguem acalar mais vezes tendendo a deixar mais descendentes. O período de desova ocorre entre julho e agosto. Em cativeiro onde a temperatura é controlada, a desova pode ocorrer durante todo o ano. As fêmeas cavam buracos com cerca de 7,5 a 10 centímetros de profundidade, preferindo locais de solo macio e arenoso, onde costumam desovar apenas um ovo por desova, podendo desovar mais vezes, em intervalos de 4 a 8 semanas, ao longo da temporada. A incubação dos ovos demora cerca de 4 a 6 meses. Os ovos e os filhotes são bem pequenos. Essa espécie não costuma hibernar, porém em cativeiros inadequados, a hibernação pode ocorrer sob riscos de aquisição de enfermidades. Na natureza costuma se esconder durante longos períodos entre rochas, buscando refúgio de predadores e do calor excessivo do sol e do ambiente. A maioria das atividades ocorre durante as primeiras horas da manhã ou no final da tarde e início da noite, onde elas costumam se alimentar de gramíneas e outras vegetações secas. Raramente essa espécie é encontrada longe das áreas rochosas e de abrigos, pois ao menor sinal de perigo elas se dirigem rapidamente para os abrigos, escalando com agilidade se preciso e utilizando seu casco semi-flexível para se esconder em fendas que seriam impossíveis para outras tartarugas terrestres, explorando assim, ambientes que nenhuma outra tartaruga atual conseguiria. Sua principal vantagem (o casco flexível) é também sua principal desvantagem, pois quando agarradas por predadores, o casco oferece pouca proteção na forma de escudo, podendo ser despedaçado facilmente devida sua pequena rigidez. Alimentam-se basicamente de herbáceas e plantas suculentas, contudo não rejeitam pequenos animais (minhocas, insetos, etc) e carniça. Os principais desafios para a sobrevivência dessa espécie são as destruições de seus habitats, onde no Quênia são ameaçadas pela substituição dos arbustos espinhosos pela a agricultura e na Tanzânia a criação de cabras e gado, aliada a exploração dela para comércio de pets devido sua aparência única no reino quelônio e para servir de alimento para os povos carentes da região onde elas habitam. Estes fatos somados a baixa taxa reprodutiva desta espécie a colocam no Apêndice II da CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagens) e a classificação de vulnerável na Lista Vermelha da IUCN. O Quênia proibiu a exportação de Tartarugas Panquecas desde 1981, podendo ocorrer apenas com autorização do ministro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais, a Tanzânia protege esta espécie desde 1974 e ela é também protegida dentro do Parque Nacional Serengeti. A União Europeia proibiu a importação desta espécie em 1988, mas o comércio ilegal ainda continua, com vários países tendo reportado achados dessa espécie. A criação em cativeiro de Tartarugas panquecas como programa de recuperação da população já foi iniciada em alguns zoológicos, contudo, não existem operações visando a criação para fins comerciais para suprir a demanda do mercado mundial. Dados do Quelônio: |